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Íntegras: Sobre Exclusividades [D&T PlayStation 115, 08/2008]

Posted by Fabão em 14 agosto, 2008

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Final Fantasy XIII é mais um que cedeu aos novos tempos
Final Fantasy XIII é mais um que cedeu aos novos tempos

Exclusividade de Ninguém

Cenário agressivo da atual geração fecha o cerco contra os jogos que privilegiam uma única plataforma

A coletiva de imprensa da Microsoft trouxe o maior (talvez o único verdadeiro) megaton da E3 2008: Final Fantasy XIII, agora também no Xbox 360. A notícia foi encarada como um soco no estômago por alguns proprietários de PlayStation 3, e até como uma facada nas costas pelos mais extremistas – que parecem ignorar o fato de que o jogo continua previsto para PS3. Para a Sony, apesar de certamente não ter sido nenhuma surpresa, também não foi um acontecimento agradável: “Acho que decepcionado é realmente um termo apropriado”, confessou um resignado Jack Tretton, presidente da SCEA, durante uma entrevista coletiva no evento.

O anúncio é mais importante pelo que ele simboliza do que pelo fato em si. Desde que a Square rompeu com a Nintendo, em meados dos anos 1990, as seqüências numeradas de Final Fantasy eram exclusividade do PlayStation (à exceção do MMORPG FFXI, que é um caso à parte). O décimo terceiro jogo da série permanecia forte como um dos últimos baluartes de uma era que já morreu, a das exclusividades.

(Leia mais após o “salto”)

Desde o início dessa geração, marcas que se consagraram no console da Sony têm aportado em outras praias. Foi assim com Devil May Cry 4 e Virtua Fighter 5. Foi pior com Ace Combat 6, Beautiful Katamari e Tales of Vesperia, nomes que deixaram sua plataforma habitual e agraciaram somente o Xbox 360. Grand Theft Auto IV chegou simultaneamente aos dois sistemas, e mesmo jogos novos, anunciados como exclusividades de PS3, se tornaram multiplataformas: Assassin’s Creed, Mercenaries 2, Fatal Inertia (que, ironicamente, foi cancelado para PS3 e saiu apenas para 360). E não esqueçamos que Dragon Quest IX foi buscar águas mais tranqüilas no Nintendo DS, enfatizando a relevância dos sistemas portáteis no atual cenário de games.

Claro, a perda de exclusividades não é um mal que ataca apenas a Sony. A Microsoft já viu saírem de casa Trusty Bell, Lost Planet, BioShock, Dead Rising (que está a caminho do Wii), Oblivion e jogos menores, como Vampire Rain e Overlord. E o que dizer de Resident Evil 5, Silent Hill: Homecoming e Soulcalibur IV, que já nasceram multiplataformas?

Dois fatores principais colaboraram para essa nova realidade: elevados custos de produção para a era da alta definição (equipes maiores e ciclos de desenvolvimento mais longos significam orçamentos estratosféricos) e maior competitividade entre os consoles. Até aqui, cada geração teve um líder claro: Pong, Atari 2600, NES, Super NES, PlayStation e PlayStation 2. A sétima geração é marcada por um Xbox 360 fortíssimo nos EUA e Europa, um PlayStation 3 que cresce lenta e consistentemente e um Wii que lidera em todos os territórios, mas tem recursos particulares demais para entrar na festa dos jogos multissistêmicos. Sem um porto seguro com que contar, as produtoras se vêm forçadas a diluir os altos custos multiplicando o potencial de vendas, e a maneira mais fácil de fazer isso é lançando os jogos para o maior número de consoles possível – lembre-se: videogame é, antes de tudo, um negócio.

Em meio a essa guerra por marcas, é fácil esquecermos qual a real importância das exclusividades. Mais do que para massagear o ego de sectários intolerantes e fornecer combustível para discussões em fóruns de internet, os títulos exclusivos servem para diferenciar as plataformas. São eles, entre outros fatores distintivos, que ajudam a vender hardware, como bem provou Metal Gear Solid 4: em sua semana de lançamento, as vendas do PlayStation 3 dobraram nos EUA e octuplicaram no Japão. Segundo o site VGChartz.com (que tem credibilidade questionável, mas cito aqui somente para ilustrar), MGS4 (que é exclusivo), moveu mais unidades de PS3 que GTA4 (que não é exclusivo): foram 301 mil unidades do console vendidas no mundo na semana de lançamento de GTA4, contra 360 mil na semana de MGS4.

Mas, com a nova realidade, é cada vez menos seguro contar com jogos de terceiros para essa diferenciação. As exclusividades principais devem ser cada vez mais de iniciativa privada. A Nintendo está segura, pois soube trabalhar suas franquias desde sempre. A Microsoft também é detentora de marcas reconhecidas (Gears of War, Halo, Fable, Banjo & Kazooie, Forza, Project Gotham), está se esforçando para emplacar outras inéditas e, apesar de ter perdido a Bizarre Creations para a Activision e ter libertado o tão importante pessoal da Bungie, continua com um leque sólido de estúdios.

E a Sony? Bem, a Sony, contrariando a sua tradição de companhia dedicada a hardware, felizmente percebeu a necessidade de construir franquias para sobreviver no ramo de videogames. Recentemente, a empresa unificou seus estúdios sob um guarda-chuva conhecido como Sony Computer Entertainment Worldwide Studios e deu início a um empreendimento para fortalecer o desenvolvimento interno. Comprou a Guerrila Games, a Zipper Interactive e, mais recentemente, o Bigbig Studios e o Evolution Studios. Atualmente, tem mais de 2500 funcionários distribuídos em mais de 15 estúdios ao redor do mundo, além de parceiras importantes como Insomniac (Ratchet & Clank, Resistance), Sucker Punch (Sly, inFamous), Factor 5 (Lair), Ninja Theory (Heavenly Sword), Level-5 (Dark Cloud, Rogue Galaxy, White Knight Story), Game Republic (Genji) e Media.Vision (Wild Arms), entre outras. A mesma Sony que antes assinou contratos que permitiram a Crash Bandicoot e Spyro the Dragon visitarem outras plataformas, hoje segura com todas as forças suas franquias, como Ratchet & Clank, Jak, Sly Cooper, God of War, Gran Turismo, Killzone. Mais que isso, não perde a oportunidade de construir marcas para o futuro: Resistance, MotorStorm, Heavenly Sword, Uncharted, LittleBigPlanet, inFamous, MAG… Afinal, a guerra dos consoles está cada vez mais parecida com um conflito de nações, e quando seus mais caros “aliados” fazem alianças com os “inimigos”, o mais importante é poder contar com seu próprio poder de fogo.

10 Respostas to “Íntegras: Sobre Exclusividades [D&T PlayStation 115, 08/2008]”

  1. Em relação ao Metal Gear, eu acredito veementemente que ele ainda sai para outra(s) plataforma(s). A Konami tem o hábito de fazer esse tipo de coisa, seja mudando o nome do jogo, seja “remakeando-o” para outros consoles.
    A verdade é que na minha opinião, essa história de exclusividade deveria ser melhor vista pelas empresas, até mesmo por questões políticas E empresariais. Por exemplo, se Metal Gear Solid 5 saísse tanto pra X-Box360, quanto para Wii, quanto para PS3 e a única coisa que lhe diferisse dos demais (além dos limites de hardware em geral, é claro) seria o preço. Então seria justo um cara que tem Wii pagar 80 dólares pelo jogo, ao tempo que os jogadores de PS3 pagaríam o triplo desse preço (ou mais) por um produto semelhante?
    A parte que explica os motivos políticos é muito simples: Secretaria. Se houvesse uma política séria e aplicada, que criasse uma espécie de “Secretaria do Desenvolvimento Digital” ou “”dos Jogos Eletrônicos”, seria possível a elaboração de leis que por exemplo, obrigássem determinadas empresas a se adequarem pérante as normas da lei (e isso envolve preço, custos gerais, distribuição de conteúdo e por aí vai…). Se não vira bagunça e é justamente por causa disso que eu não gosto de Final Fantasy, pelo simples fato de eu não saber o que rola na versão pra PS3, sendo que a que eu jogo é a de GBA, for example…
    Anyway, ainda sim, com ou sem exclusividade, na minha opinião Hideo Kojima com certeza é um marketeiro perfeito e quando o gosto do chiclete de Metal Gear 4 acabar, pode ter a certeza de que Snake figurará em outros consoles. Aposto meu dedo indicador nisto!

  2. update: assim*

  3. Victor said

    Triste, heim. =\

    Não posso opinar muito sobre isso porque nunca joguei nada da nova geração. Mas pelo que leio por aí em revistas, fórums e sites, o videogame virou MESMO (MESMO, mesmo) um mercado onde o dinheiro não fala: grita. Eu acho que isso desmotiva um pouco o pessoal. Acho que o dinheiro (e o “fazer jogos para ganhá-lo em quantidades cada vez maiores”) tiram um pouco da paixão da coisa, até para as desenvolvedoras. Minha opinião, só isso!

    Mas eu ainda acho que a terceira geração guarda muitas coisas boas, mas para o futuro. O pessoal precisa se acostumar com a nova cara do mercado, pegar gosto pela coisa não como uma oportunidade para faturar, mas como um desafio a ser superado com o objetivo de fazer coisas muito boas, apesar dos pesares, e começar a soltar a imaginação e a criatividade usando mais dos conceitos atuais de gráficos e etc. Acho que, aqui mesmo, o Fabão disse uma coisa que abriu meus olhos: os jogos do PS2 realmente FODAS, como GoW e SotC, começaram a sair mais para o fim da vida deste porque as desenvolvedoras não tinham mais o que provar com as capacidades do Hardware e as inovações começaram a se fazer necessárias na criatividade, no conceito e no uso diferenciado dos recursos já dominados. Quando isso acontecer nesse geração, onde os recursos são VASTOS, acho que vai ser uma coisa linda de deus. =D

  4. Victor said

    Normas, leis e regras para video-games? Não sei não, heim.

  5. Muito interessante o tema! Só acrescento outro jogo à lista de exclusividades perdidas do PS3: Monster Hunter 3, que foi cancelado para o console da Sony e migrou para o Wii.

  6. Diego said

    Que se acabe com as exclusividades. Todos os games para todas as plataformas. Se Sony, Microsoft e Nintendo querem jogos exclusivos, que elas mesmas produzam. E nesse quesito Nintendo leva vantagem. 😉

  7. Maiquinho said

    “Level-5 (Dark Cloud, Rogue Galaxy, White Knight Story)”
    essa eh a mais relevante pra mim :p

    na verdade, eu gostaria q acabasse de vez essa de exclusividades. eh mt ruim uma situação como nas duas gerações passadas, onde tive que escolher entre Square (PSX, PS2) e Nintendo (N64, GC).

    acabei escolhendo a Square :p

  8. Uehara said

    “Que se acabe com as exclusividades. Todos os games para todas as plataformas. Se Sony, Microsoft e Nintendo querem jogos exclusivos, que elas mesmas produzam. E nesse quesito Nintendo leva vantagem.”

    Por isso, eu optei pelo Wii nessa geração. Mas a verdade é que a Nintendo tá acomodada, enquanto os concorrentes estão chegando. Ninguém pode negar o apelo que o Mario tem, mas não tem como ignorar God of War e Halo. A Nintendo tem que soltar alguma coisa como o novo Kid Icarus RÁPIDO, senão daqui a pouco a concorrência alcança.

    E se alguém comprar o Grasshoper Studio, ganha automaticamente a guerra dessa geração. =)

  9. Fabão said

    @Uehara
    O Grasshopper, a Level-5 e a Platinum Games. Aí já era. 😛
    De qualquer forma, o desafio da Nintendo não é fazer mais títulos AAA ela mesma, mas convencer as third parties a fazer isso, para preencher o espaço entre os títulos da Nintendo. O Wii está sofrendo uns vácuos que o Xbox 360 e até o PlayStation 3 não estão, e isso graças ao suporte third party. Exclusividades próprias são importantes, mas não se pode esquecer dos jogos complementares, igualmente vitais. ^_^

  10. Uehara said

    @Fabão
    Pois é, concordo plenamente. Até escrevi sobre isso recentemente, que a Nintendo nem é tão culpada assim quanto a maioria dos gamers imaginam. O problema é que, pelo que parece, é mais provável que a Nintendo faça ela mesma os jogos AAA do que esperar alguma third party soltar um jogo bom.

    Pro Wii, lançamento bom só MadWorld, que eu me lembre agora. Particularmente, eu tenho fé do jogo do Sonic com a espada lá, mas devo ser o único. E provavelmente estou errado.

    E eu quero jogar Bayonetta e Castle Crashers. Malditas exclusividades!

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